Precisamos falar sobre isso: o cyberbullying presente no filme "Ferrugem" e a importância do debate
- UFUPIC
- 9 de out. de 2018
- 3 min de leitura
09/10/2018 | 22h50
Por - Lorena Roje

Ódio gratuito, a falta de empatia e a violência em série, é o que permeia nossa sociedade em pleno século XXI. E como a arte imita a vida, em junho (9), foi lançado um filme que tocou muita gente e fez todos virarem os olhos para o poder da violência no ambiente virtual. É "Ferrugem", filme paranaense que, só esse ano, já foi premiado pelo 46° Festival de Cinema de Gramado como Melhor Filme e Melhor Roteiro, e trata cruamente do cyberbullying e de suas consequências. O longa-metragem permeia assuntos como insegurança, violência, medo e misoginia. "Ferrugem" foi às telas no dia 30 de agosto e conquistou muitos, recebendo críticas positivas de blogs, críticos, diretores e do público geral. Um de seus espectadores, Sávio Randy (22), estudante da UFRN e radialista de Natal, comenta: "(O filme) é importante no sentido de inserir essas discussões nos produtos culturais destinados a esse público [...] Eu já conhecia o fenômeno do cyberbullying, o filme foi importante pra visualizar um caso em suas etapas.".
Mas o sucesso do filme não ficou só no Brasil. Lá fora, conquistou diversos prêmios e marcou presença em grandes festivais. Nos Estados Unidos, estreou dia 20 de janeiro no Sundance Film Festival. Marcou, também, presença no festival espanhol International Film Festival. Em Frankfurt, o filme foi exibido no Lucas Festival, evento dedicado ao público jovem. Além disso, ganhou o prêmio de Melhor Filme Ibero-Americano no Seattle International Film Festival, que acontece em terras norte americanas.
“Ferrugem” trata de um assunto delicado, mas não deixa nada implícito - seu objetivo é justamente, segundo o diretor Aly Muritiba, tocar nos assuntos mais “difíceis de falar”. Para ele, o combate do cyberbullying, bullying e suas consequências só é possível quando as pessoas abrem espaço para o debate e falam sobre isso.

É essa urgência de debate e de tocar nesses assuntos, que mobilizou a equipe de "Ferrugem" e outros setores a organizarem bate-papos após as sessões especiais do filme em diversas cidades - como Teresina, Manaus, Curitiba e Barueri. Em Curitiba, depois da sessão com os alunos do Ensino Médio do Colégio Sion Batel, houve a participação no debate sobre o filme das atrizes Tifanny Dopke e Nathalia Garcia, acompanhadas pelos psicólogos Lorena Veiga Jusi, Helena Vacarciuk, Carmen Oliveira e Danilo Pedrosa.
A sessão especial e as discussões impactaram positivamente quem participou. Vinícius Bittencourt (17), estudante do Sesi Internacional de Curitiba, participou de um dos debates, e afirma: "Acredito que filmes com essa temática são de extrema importância, principalmente para jovens, para que possam ver que não estão sozinhos, que existem outras pessoas com problemas [...] os ataques (que envolvem o cyberbullying) não ocorrem apenas em um momento específico do dia, em sua maioria na escola, eles acontecem agora o dia inteiro independente de onde a vítima está, causando um dano psicológico muito maior, esse foi um dos tópicos durante o debate."
Conversando com Danilo Pedrosa, que participou ativamente de 3 debates sobre saúde mental com os alunos do colégio Sion, o psicólogo nos revela: “O filme pode contribuir afetando quem assiste e o colocando numa posição perplexa, pois trata de um assunto inserido na juventude atual. O debate contribuiu para dar voz aos que assistiram o filme, e dar voz deve ser encarado como uma prevenção ao suicídio”.
Pedrosa ainda diz que muitos jovens, após o debate, enviaram agradecimentos e pedidos de tratamento psicoterapêutico aos pais. Para o psicólogo, o tema é de suma importância para a juventude, “Doenças mentais como depressão, ataques do pânico e ansiedades estão entre as doenças que mais afastam do trabalho, e as principais causas de suicídio. Depressão é e será o mal do século. Estar em contato, cuidar-se e se relacionar é tão valioso quanto viver.”
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