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Consumo de mídia no Brasil: Cinema versus Literatura.

  • Foto do escritor: UFUPIC
    UFUPIC
  • 11 de dez. de 2018
  • 13 min de leitura

Por Felipe Melo

11/12/2018 19:44



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De acordo com dados divulgados na pesquisa “Retratos da Leitura”, de 2016, cerca de 44% da população brasileira declara não ter hábitos de leitura, e 30% diz nunca ter comprado um livro. Realizada pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, entidade mantida pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), a pesquisa ouviu 5.012 pessoas, alfabetizadas ou não. Isso representa, segundo o Ibope, 93% da população brasileira. 74% da população não comprou nenhum livro nos últimos três meses, e Para 67% da população, não houve uma pessoa que incentivasse a leitura em sua trajetória.


Na mesma pesquisa foi questionado aos leitores as razões que fizeram com que eles não mantivessem hábitos de leitura em meses recentes. As respostas: falta de tempo (32%), não gosta de ler (28%), não tem paciência para ler (13%), prefere outras atividades (10%), dificuldades para ler (9%), sente-se muito cansado para ler (4%), não há bibliotecas por perto (2%), acha o preço de livro caro (2%), não tem dinheiro para comprar (2%), não tem local onde comprar onde mora (1%), não tem um lugar apropriado para ler (1%), não tem acesso permanente à internet (1%), não sabe ler (20%).


Se para a literatura o resultado das pesquisas se mostra negativo, para o cinema a história já é outra. De acordo com a associação MPAA, o Brasil subiu duas posições no ranking mundial e representou em 2016 o décimo maior mercado não americano de cinema. O Brasil ultrapassou a Rússia e a Itália, arrecadando cerca de 700 milhões de dólares no ano.

Outro fenômeno a ser observado é o aumento exorbitante na venda de livros quando esses ganham adaptações para as telonas. O livro “Como eu era antes de você” terminou o ano de 2015 em 10° lugar entre os mais vendidos de ficção com 34.033 mil cópias. Com a adaptação para o Cinema em 2016, a obra foi para o primeiro lugar, batendo 352.330 mil cópias, e ainda trouxe a continuação “Depois de você” em segunda colocação com 228.073 unidades vendidas. Situação similar pode ser vista com a obra “Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares”, que foi adaptado para o Cinema em 2016 e vendeu 133.776 mil volumes.


O cinema aparece como um importante impulsionador da literatura em tempos atuais, mostrando ainda reinar como a mídia mais consumida pela população brasileira. Nessa reportagem serão analisados fatores históricos, sociais, e pessoais que causam essa hierarquização, e fazem com que o audiovisual reine absoluto entre o gosto popular.


Contexto Histórico


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(Foto: Reprodução | Blog Palabraria)

Desde o surgimento da escrita o homem busca maneiras mais eficientes de organizar seus textos, e torna-los cada vez mais acessíveis e compactos. O surgimento dos primeiros manuscritos em papiro, no antigo Egito, representou um passo importante para a maneira com a qual os humanos passariam a tratar a escrita e a leitura, principalmente a critérios organizacionais e de uniformidade.


No fim da Idade Média, com o advento da prensa, os primeiros livros começaram a ser impressos e comercializados a um preço mais acessível, fazendo com que uma parcela maior da população conseguisse, pela primeira vez, usufruir da leitura e possuir exemplares dos grandes clássicos em suas casas. Ainda assim, apenas a parcela mais abastada conseguia de fato comprar e consumir literatura.


A história do cinema data de tempos depois, mais especificamente no fim do século XIX, em que a primeira sessão pública de cinema, organizada pelos irmãos Lumière, aconteceu nos porões de um café em Paris, durante 20 minutos, para 33 espectadores que pagaram apenas um franco cada pelo ingresso.


Ambas as mídias, embora muito distintas, carregam um traço em comum: são importantes meios de comunicação e difusão de culturas e ideias. Tanto a literatura quanto o cinema são um espelho da sociedade e do momento em que são produzidas. Difundem ideologias, assim como as derrubam. São proibidas ou manipuladas para cumprir com os interesses de ditadores e déspotas, mas também são utilizadas por líderes populares para despertar sentimentos adormecidos em toda uma população.


Como conta a Professora Márcia Abreu, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, em seu ensaio “Diferentes formas de Ler”, ao longo dos séculos, a maneira com que a leitura é vista pela sociedade mudou drasticamente. Na antiguidade grega era comum se ler apenas em voz alta para grandes grupos de pessoas, pois o acesso à alfabetização era escasso e apenas uma minoria seleta conseguia interpretar as palavras escritas em um papel. Tal fato se fez norma até o século XIV, quando muitos nobres ainda dependiam da oralização das palavras para compreender um texto. Lia-se em voz alta nos salões, nas sociedades literárias, em casa, nos serões, nos cafés. Esse tipo de leitura, além de permitir o contato com ideias codificadas em um texto, era forma de entretenimento e de encontro social.


Tão importante era a prática da leitura oral que um manual de leitura do século XVIII intitulado Petit Cours de Littérature, à l'usage de la jeunesse de l'un et l'autre sexe, escrito pelo francês Le Texier, definia leitura como "A arte de bem ler não é nada além da arte de bem dizer aquilo que está escrito, ou seja, dar às frases que se tem a pronunciar e às palavras que as compõem a verdadeira expressão de que são suscetíveis. Deste ponto de vista, pode-se ver a analogia perfeita que existe entre a Arte de bem ler e aquela de bem falar".


Devido ao analfabetismo que acometeu grande parte da população mundial durante séculos, e da dificuldade do acesso à educação para a classe proletária, o hábito de ler em silêncio, para si, não se tornaria comum até a segunda metade do século XIX. Durante a primeira metade do século XIX a leitura oral era uma das formas de mobilização cultural e política dos meios urbanos e dos operários. Depois disso, numerosas formas de lazer, de sociabilidade e de encontro, antes mantidas pela leitura em voz alta, tornaram-se cada vez mais restritas. A partir daí as elites passaram a restringir os usos da oralização dos textos. Lia-se em voz alta nas Igrejas e nos tribunais. Lia-se em voz alta nas escolas para controlar a qualidade de sua leitura silenciosa, objetivo final da aprendizagem.


Também é recente a ideia de que o bom leitor é aquele que lê muitos e variados livros. Durante séculos a quantidade de livros era escassa, seu preço elevado, e a temática quase sempre ligada à religião. O bom leitor era aquele que lia pouco, relia com frequência os mesmos livros, e meditava sobre seu conteúdo.


No século XVIII, um médico suíço chamado Tissot escreveu um livro denominado “A saúde dos Homens das Letras”, em que eram discutidos os perigos que a leitura em excesso podia trazer para a saúde. Para o médico, o ato de se ler demais poderia afetar os olhos, o cérebro, os nervos, e até mesmo o estômago, ”Os inconvenientes dos livros frívolos são de fazer perder tempo e fatigar a vista; mas aqueles que, pela força e ligação das ideias, elevam a alma para fora dela mesma, e a forçam a meditar, usam o espírito e esgotam o corpo; e quanto mais este prazer for vivo e prolongado, mais as consequências serão funestas.”.


Para o Historiador Cires Pereira, ”As obras de arte e o livro, um exemplar de arte, historicamente e nas sociedades desiguais, finfadas na propriedade privada, são um bem uso das elites. Assim foi nas sociedades greco-romanas da antiguidade, e nas sociedades orientais antigas. Na Época Medieval, no espaço europeu, também os livros eram um luxo circunscrito aos setores abastados e instruídos, especialmente os clérigos. O máximo de contato que os setores populares tinham era com as adaptações para artes cênicas, música e dança. Estas adaptações sofriam cortes e eram afastadas dentro das conveniências dos clérigos e dos nobres e, eventualmente, da nascente burguesia.”.


Com a Modernidade na Europa, sob o signo do racionalismo e do individualismo - marcas da Renascença e do Humanismo- a burguesia, classe incipiente, desejava se afirmar perante a sociedade e, gradativamente escolas foram abertas e tiveram que se adequar aos novos tempos marcados pela prosperidade econômica, pelo avanço da economia de mercador, e pelas grandes conquistas e colonização do “Novo Mundo”, o que ampliavam horizontes e perspectivas. Ora o gosto pelas artes pela literatura aumentava tanto quanto a necessidade sentida pela nova elite em se instruir e ser mais competitiva, mas tudo ainda circunscrito a quem podia comprar livros e frequentar escolas. Ao público maior, pouco instruído e pobre, restavam algumas peças de teatro ao ar livre baseadas nos livros lidos pelas elites. Isto se aplicava ao “Velho e Novo Mundos”.


Após as revoluções antiabsolutistas e as emancipações na América sob a influência do liberalismo e do Iluminismo, um novo tempo marcado pela indústria se impunha e com ele a consolidação da ordem burguesa , liberal e capitalista. No século XIX, o acesso à instrução e aos livros continuou restrito, mas o substrato médio da sociedade passou a ser mais expressivo, daí a necessidade de disseminação da leitura e das adaptações pra o teatro, dança e outras expressões artísticas. Mas é no século XX que a universalização do acesso à instrução ganha impulso, coincidentemente o avanço tecnológico aplicado às expressões de artes tradicionais e novas expressões como o radiofone e o cinema. Para o cinema e, ato contínuo, a televisão se firmarem e se associarem ao rádio, que era meio de comunicação de massa isolado até meados do século XX, foi preciso industrializar o setor e torná-lo também um bem de consumo de massas.


Mesmo no século XX, em que a burguesia que ascendera nos séculos anteriores buscava para si o acesso às obras anteriormente pertencentes apenas às mais altas elites, o acesso à leitura não abrangeu a todos de maneira igualitária, visto que a classe operária ainda se via a mercê dos salários baixos, da pouca escolaridade, e das longas jornadas de trabalho. Por isso, adaptações de obras literárias para mídias mais rápidas e acessíveis, como o teatro, e posteriormente o cinema, sempre se mostraram maneiras mais eficazes de se comunicar com as massas.


Fatores Histórico-sociais

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(Foto: Reprodução | guia.gazetadopovo.com.br)

No Brasil, assim como fora na Europa, o hábito de ler foi exclusivo das elites durante muito tempo, fato amplificado pelo longo período escravocrata, em que a quantidade de escravos letrados era mínima. Mesmo após a abolição, a população de negros, marginalizada e enxotada das grandes cidades, se via fadada a procurar por empregos braçais e de baixa remuneração, não tendo condições de buscar ensino formal, que ainda era igualmente elitizado.


A dança e o teatro, por outro lado, sempre se mostraram como costumes comuns dentre os escravos brasileiros. O inglês George Gardner descreve em seus manuscritos, que podem ser encontrados em “O botânico George Gardner e suas impressões sobre a cultura escrava no Brasil: Rio de Janeiro, 1810-1850”, detalhes de um ritual teatral realizado por escravos brasileiros na ocasião do Natal do ano de 1836, em que os negros encenavam sua própria versão satírica e escarnica de peças natalinas comuns à época, interpretando personagens como padres, coronéis, e outros escravos.


Enquanto os conhecimentos acadêmicos, a escrita, e a leitura foram historicamente negados às classes marginalizadas, o audiovisual, manifestado primeiramente pela música e pela atuação, sempre encontrou seu espaço dentro do imaginário popular, sendo, durante séculos, o principal meio de expressão e informação das camadas menos favorecidas.


Assim como fora o último país a abolir a escravidão na América Latina, o Brasil também teve leis trabalhistas criadas de maneira tardia, sendo que a Consolidação das Leis do Trabalho foi aprovada apenas em 1943. A CLT é considerada como o primeiro conjunto de leis trabalhistas do país, sendo que as que o precederam tratavam apenas de assuntos específicos, como a regulamentação do trabalho de infantil.


A criação de leis que respaldam os direitos do trabalhador foi importante por garantir o pagamento de um salário mínimo, direitos trabalhistas como a licença maternidade, horas de almoço remuneradas, e jornada máxima de trabalho. Em um país sem tais leis, o trabalhador teria de aguentar longas jornadas, sem ter garantidos seus direitos a greve, ou a condições mínimas de trabalho, o que agrava mazelas sociais, tais como a desigualdade social, casos de acidente no trabalho, e descaso com os empregados.


Mesmo com a existência de tais leis que garantem direitos básicos ao trabalhador, a desigualdade social continua sendo um dos fantasmas que assombra o nosso país. De acordo com informações do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas, o Brasil, atualmente, ocupa o décimo lugar na lista de países com o maior índice de desigualdade social em todo o mundo. Se comparado a outros países da América Latina, o Brasil é o quarto mais desigual. Entre os números da desigualdade no país, estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros ainda vivam em condições de pobreza extrema, tendo de conviver com problemas como a fome, a violência urbana, a falta de saneamento, e a alta taxa de mortalidade infantil.


Ainda dentre os problemas causados pela má distribuição de renda e desigualdade social, pode-se destacar a falta de acesso à educação. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE em 2017, o Brasil tem 11,8 milhões de analfabetos, parcela que representa 7,2% da população de 15 anos ou mais de idade, a chamada taxa de analfabetismo.


O problema da educação no Brasil vai além da taxa de analfabetismo, o incentivo à leitura nas escolas é escasso, déficit que é ainda mais facilmente observado nas escolas públicas, que partilham de carências estruturais como a falta de professores e de livros. Mas o pouco incentivo à leitura também pode ser creditado aos pais, já que o hábito de ler para os filhos é incomum entre a população brasileira. Isso cria jovens desinteressados e que acabam por quase nunca desenvolver o costume de ler.


De acordo com o Professor Lucas Reis, formado em letras pela Universidade Federal de Uberlândia, “Nas minhas aulas de literatura para o ensino fundamental II eu tento sempre apresentar títulos que eles possam gostar, que possam interessar a eles. Como ainda não tem aquela pressão de estudar apenas os clássicos que caem no vestibular, eu tento tomar liberdade de cobrar livros que tenham por função apresentar a literatura praqueles alunos, se eles quiserem mergulhar nos clássicos depois, eles que o façam, mas isso nunca vai acontecer se não começarmos pelo básico.”.


As HQs e os filmes de herói


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(Foto: Reprodução | Trends International Marvel Comics The Lineup Wall Poster)

As histórias em quadrinho parecem ser os meios mais eficientes de introduzir jovens leitores no mundo da literatura. Por combinarem as imagens com textos curtos e diretos, elas prendem o interesse das crianças e adolescentes de maneira mais eficaz, e podem abrir as portas para leituras mais extensas. Um exemplo disso é o livro “Guerra Civil”, escrito por Stuart Moore com base no arco homônimo publicado originalmente no formato de HQs pela Marvel. A adaptação pegou histórias consagradas nos quadrinhos e traduziu a linguagem direta das HQs para as descrições extensas e detalhadas presentes nos livros, o que atraiu um nicho de leitores que estavam acostumados com os gibis, e garantiu o sucesso do produto.


"Por associarem imagens e textos, os gibis ajudam as crianças a aprender a ler e a avançar rapidamente na leitura", afirma a pedagoga Maria Cristina Ribeiro Pereira, coordenadora geral dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da Língua Portuguesa, em entrevista publicada na edição nº 111 da Revista Nova Escola que traz como reportagem de capa "Traga os gibis para a sala".


Nos gibis as crianças conseguem compreender as histórias por meio da dedução e da observação das imagens, sendo que muitas vezes não seriam capazes de ler diretamente, o que dá a elas a sensação de uma leitura mais rápida, e facilita que elas consigam aproveitar o processo de leitura. Tal processo é muito importante, já que os quadrinhos conseguem unir duas riquíssimas formas de expressão cultural: a literatura e as artes plásticas.


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 20 de dezembro de 1996, já apontava para a necessidade de inserção de "formas contemporâneas de linguagem" como forma de qualificar a prática da leitura, bem como os demais processos de ensino-aprendizagem. Porém os quadrinhos eram considerados leituras pouco valiosas, já que se acreditava que ao ler suas histórias as crianças acabariam por perder o interesse em ler outras obras. Atualmente, os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam que para formar um leitor competente, ou seja, que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto e que possa ler o que não está escrito, é fundamental que a prática da leitura explore a diversidade de textos que circulam socialmente em nosso cotidiano, inclusive as histórias em quadrinhos. Já que os leitores das histórias em quadrinhos, em geral, tornam-se também leitores de outras revistas, jornais e livros.


O cinema também pode servir de aliado para que se torne ainda mais fácil que os jovens desenvolvam interesse pelos quadrinhos. Um dos gêneros de filme mais lucrativos e mundialmente famosos da atualidade é justamente o dos Heróis, totalmente baseado nas histórias publicadas pelas grandes editoras americanas Marvel e DC Comics. O gosto pelos filmes faz com que os jovens se interessem por aqueles personagens, e passem a buscar mais histórias de tais universos, sendo introduzidas aos quadrinhos e aos livros.


O crescimento do cinema e dos serviços de streaming


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(Foto: Reprodução | Netflix)

Números exorbitantes se mostram presentes quando analisamos dados dos serviços de streaming mais famosos. Desde que chegou ao Brasil, em 2011, a Netflix viu o número de assinantes se multiplicar a passos largos. Apenas em 2016 a plataforma viu a quantidade de assinantes dobrar, saltando de 3 para mais de 6 milhões de assinantes. Esse número é tão expressivo que faria da Netflix o segundo maior serviço de Tv à cabo no Brasil, perdendo apenas para a NET.


Como resultado do enorme consumo brasileiro de mídias digitais, a plataforma de streaming tem investido pesado no cenário das produções nacionais nos últimos dois anos. Desde a estreia de 3%, a pioneira dentre as séries nacionais, várias outras produções brasileiras já chegaram até a plataforma. Um exemplo recente é a animação Super Drags, produção nacional com a participação de nomes conhecidos, como a cantora e drag queen Pabllo Vittar. Outra série brasileira lançada no início desse ano foi a produção O mecanismo, do diretor José Padilha, contando a história da operação Lava Jato, com Selton Mello no papel principal.


O país não é foco da Netflix apenas em produções locais: o reality show de competição Ultimate Beastmaster, que reúne competidores de seis países, tendo o Brasil como único representante da América Latina, passou por um processo de localização, contando com o lutador Anderson Silva e o comediante Rafinha Bastos na narração.


A quantidade de pessoas que frequentam os cinemas brasileiros também apresentou significativo aumento, crescendo em mais de 60% nos últimos oito anos de acordo com dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA). Divulgado no começo deste ano, o levantamento analisa os números de 2009 a 2017. O número de salas de cinema espalhadas pelo brasil também aumentou em 49,7%, até o final de 2016 já eram mais 3.160.


Mesmo que o preço dos ingressos tenha subido em uma média de 60%, o crescimento do número de espectadores em nosso país se mostra constante, assim como o número de produções nacionais. Em 2017 estrearam 160 filmes nacionais, um recorde nas últimas décadas.


Em 2018, o filme O Grande Circo Místico foi escolhido para representar o nosso país na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar. Pode ser a primeira vez que o Brasil tem um representante na disputa desde 1999, em que o filme Central do Brasil, de Walter Salles, chegou às finais mas foi derrotado por A Vida é Bela, de Roberto Benigni. O Grande Circo Místico é baseado em um poema de Jorge de Lima, teve sua première no Festival de Cannes, e estreou no Brasil em 15 de Novembro.


O cinema e a literatura são mídias que podem trabalhar muito bem em conjunto, como mostra o sucesso das adaptações de livros e quadrinhos famosos para a sétima arte, ou pelo holofote ganho pelos impressos quando um longa relacionado estreia nas telonas. Entretanto, é fato que fatores sociais e históricos comprometeram a influência da literatura em nosso país, e que os filmes e outras mídias digitais se mostram como alternativas mais rápidas e acessíveis, dialogando melhor com a rotina apertada dos trabalhadores. Com o preço médio do livro no Brasil chegando a R$ 44,47 no primeiro semestre de 2018, valor 63% mais alto que a média do ingresso do cinema, e equivalente ao plano de assinatura mensal mais caro de serviços de streaming como a Netflix, o cenário provável mostra um crescimento ainda maior no consumo de mídias digitais, enquanto livrarias continuarão a fechar as portas, como vêm acontecendo ao longo de 2018, em que a maior rede de livrarias do país, a Saraiva, anunciou o fechamento de 20 lojas simultaneamente.

 
 
 

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