O audiovisual de Araguari: uma entrevista com Diogo Machado.
- UFUPIC
- 2 de nov. de 2018
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Por: Felipe Melo 02/08/2018 | 11:27
Diogo, natural de Araguari, é ator e Jornalista formado pela Faculdade Católica de Uberlândia. Trabalhou como repórter nos Jornais Correio de Uberlândia e Gazeta do Triângulo, e participou da realização de algumas produções cinematográficas, e de diversas peças de teatro com o Grupo EmCena.

Há quanto tempo você atua? Como surgiu seu interesse pela atuação?
Desde os 12 anos em atuo indiretamente com Teatro, o que se tornou profissional aos 17 anos quando eu entrei no Grupo EmCena de Teatro, onde fiz o personagem do “Dr. João Alamy Filho”. Sempre gostei de teatro e desenvolvi aptidão me dedicando a cursos técnicos de formação e ao aprendizado dessa arte. O que surgiu como uma maneira melhor de me expressar em público virou uma co-profissão. Acho até que a vontade de fazer o jornalismo veio do teatro.
Já participou de quantas produções cinematográficas? Qual a mais marcante?
Cinematográficas não foram muitas, quatro que foram publicadas/transmitidas e umas duas que não sei o destino depois que gravamos. Fiz alguns comerciais, entre eles um de fim de ano para TV Integração. O mais marcante foi a websérie Sozinho, participei de dois episódios que corresponderam a uma parte significativa da história contada e ele ainda tem repercussões.
Qual papel representou o maior desafio para sua carreira enquanto ator? Por que esse papel representou tamanho desafio?
Engraçada essa pergunta, porque eu sempre busquei personagens que me trouxessem novos aprendizados. Acho que o maior desafio foi dentro do EmCena quando passei a fazer um dos personagens principais, Sebastião Naves. O ator que fazia antes também tinha escrito a peça e, além disso, tinha representado muito bem o papel. Foi uma grande responsabilidade pela importância do papel e a minha juventude na época. Ainda estava aprendendo muita coisa, mas veio na hora certa para que eu garantisse mais aprendizado com o novo papel. Tive que emergir nas técnicas de Stanislavski e Brecht, além de decorar e prepara toda a atuação de um personagem repleto de carga dramática. São várias as cenas em que somente os personagens principais seguram a plateia neste espetáculo. Essa peça significou um marco na minha vida como ator e militante do teatro e da cultura, assim como da minha carreira.

Num cenário local como o de Araguari, quais são as principais barreiras a serem superadas na hora de se realizar uma produção cinematográfica?
O problema aqui, e acho que é até nacional também, é a falta de incentivo seja publico ou privado. A consciência para este tipo de arte ainda gira em torno da lógica de mercado. As pessoas ainda não veem a produção cinematográfica local como algo a ser incentivado e consumido. No Brasil a gente ainda sofre o transtorno de todo material “naça” produzido ser considerado ruim ou de baixa qualidade. Não é difícil ouvir por ai que se prefere assistir, principalmente no cinema, um blockbuster a um filme nacional.
Para produzir os curtas de que você participou, sua equipe buscou apoio financeiro do governo ou de alguma empresa privada?
Ambos os que eu participei a montagem foi quase com ajuda de mecenas e voluntários, tinha um patrocinador/incentivador e muita camaradagem. No conto de terror o apoiador era uma faculdade e na webserie o incentivo ficava por conta do próprio grupo diretor do projeto. O Grupo EmCena está se preparando para uma grande produção agora em parceria com uma rede de TV, aí a coisa muda, porque a gente acaba entrando na linha comercial do audiovisual.
Quais atores, ou produções nacionais você tem como inspiração na hora Atuar?
Cara, nacionalmente a diva Fernanda Montenegro é brilhante e merece todo respeito e indicação nessa hora. Selton Mello, Marco Nanini, Wagner Moura são excelentes inspirações. Mas um trabalho de carga dramática pesada (meu gênero mais amado é o drama), eu citaria o Gero Camilo, que em “Hoje é dia de Maria” fez o Zé Cangaia. Eu ainda diria, Antonio Edson, Eduardo Moreira e Teuda Bara do Grupo Galpão de Teatro, Ribamar Ribeiro, Getulio Nascimento e Fernanda Dias dos Ciclomáticos. E não posso me esquecer do Matheus Nachtergaele que também é brilhante.
Das produções de que você participou, alguma tinha fins lucrativos?
Não, nenhuma.

A equipe de atores também participou da produção e roteirização dos curtas?
Na Webserie sim, de alguma forma. Ou auxiliávamos na construção de cenas mais orgânicas e naturais, as vezes uma mexida nos diálogos, porem nada substancial que mudasse o alinhamento do diretor ou dos roteiristas.
Qual conselho você daria a quem pensa em entrar no ramo do audiovisual brasileiro?
Resistência, resiliência, paciência e sola de sapato. Acho que quando os setores se unem com o proposito de promover àquele bem cultural as chances de ele ser mais fomentado é maior. No Brasil, hoje, há muita desesperança com tudo e para garantir os avanços dos vários setores da cultura seria a união para mobilização.
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