top of page
logo FOR REAL 2.png

Cinema mineiro: A trajetória de Yuji Kodato

  • Foto do escritor: UFUPIC
    UFUPIC
  • 20 de nov. de 2018
  • 5 min de leitura

Atualizado: 28 de nov. de 2018

20/11/2018

Por - Lorena Roje


ree
(Foto: Arquivo Pessoal)

Em Uberlândia, todo mundo conhece a sorveteria Bicota, o Parque do Sabiá e os bares movimentados do centro. Conhece também a UFU, Universidade Federal de Uberlândia, que conta com dezenas de cursos e seus quatro campi na cidade. No meio de todos os cursos, em meados de 2008, Yuji Kodato entra na UFU pra fazer Psicologia - mas, com 17 anos, não era bem aquilo que queria, e só descobriria isso alguns anos depois.


Na cidade de Goiânia, no mês de abril, aconteceu o IV Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental, e lá foi exibido o documentário experimental, com direção do uberlandense Yuji Kodato e da mexicana Gabriela Ruvalcaba. O filme também entrou na seleção oficial do 57º Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Índias (Colômbia), na seleção do Lima Independiente Festival Internacional de Cine (Peru) e no 13º Festival Internacional de Cinema de Monterrey (México).O Museu da Imagem e do Som (MIS), no mês de novembro, exibiu um documentário rodado em Uberlândia, com direção também do Yuji Kodato. Essa trajetória que percorrem as criações de Yuji Kodato começou quando o artista descobriu sua vocação e devoção às câmeras em 2011, durante sua graduação, nas suas palavras enquanto “fotografava obsessivamente com minha câmera point and shoot” em territórios asiáticos.


Quando entrou na faculdade, Kodato diz ter sido influenciado por um sistema de ensino restrito quando escolheu a área da saúde, sobre o assunto, ele afirma: “Ser artista nunca tinha sido uma ideia palpável e ao meu alcance”. Para ele, quando viajou pelo continente asiático, sua mente abriu para ver aquilo que sempre esteve na sua frente: a fotografia o acompanhava desde a infância. Para sua mãe, Silvânia Martins: “Yuji sempre evidenciou uma sensibilidade extraordinária, uma curiosidade em relação ao mundo e a natureza. Ele sempre mostrou uma alma de artista. Quem encontrou com ele desde muito pequeno e durante toda sua história sabe que ele viveu um bom encontro com o mundo, de alma aberta”.


Durante a viagem à Ásia, o contato diário com a fotografia fez Kodato descobriu o que fazia sua vida se dotar de novos sentidos. Exercitou a criação de imagens diariamente, fez contato com pessoas, elaborou um novo universo através de seus olhos. Com essas experiências, Yuji conseguiu ver o mundo de uma forma diferente. No final da viagem, comprou uma câmera semiprofissional e passou a estudar melhor a fotografia. O artista visual ainda revela: “Eu amava – e amo – criar imagens e percebi que trabalhar com arte era uma possibilidade real, se eu me dedicasse a tal. Foi aí que desisti da psicologia. Afinal de contas, a psicologia ainda é uma ciência e o que realmente me deixa louco e mexe comigo é a arte”.


Kodato diz que a mudança da área que almejava atuar foi gradual e aconteceu quando ele ainda estava na graduação. Yuji conta que no último ano da faculdade começou a realizar trabalhos de fotógrafo freelancer, e a descobrir se conseguia dinheiro com aquilo. Mais tarde, as coisas foram melhorando, e ele começa a pagar suas contas e também a desenvolver projetos autorais.


Voltando alguns anos antes do momento do artista que já tinha “descoberto” seus caminhos embrenhados na fotografia, Yuji Kodato conta a origem do seu interesse pelas câmeras, que veio da figura do avô paterno. Imigrante japonês que veio para o Brasil ainda adolescente para trabalhar nas plantações de café, o avô era apaixonado por fotografia, e ao longo da sua vida registrou seu cotidiano, a família, viagens e flores brasileiras através de suas lentes. Kodato ainda conta: “Foi ele que me deu minha primeira câmera, uma Nikon analógica 35mm totalmente automática que tenho e uso até hoje. Então a fotografia sempre esteve presente na minha vida como uma ferramenta de registrar, construir e preservar o cotidiano”.



ree
(Documentário dirigido por Yuji Kodato em 2016/ Foto: Divulgação)

Desde do dia que recebeu o estimado presente do avô, Yuji levava a câmera no bolso, fazia fotos de tudo que o cercava no seu cotidiano, observava o mundo pelas lentes da 35mm, e mais tarde pelas lentes da novidade das câmeras digitais. O artista visual conta que andava sempre com a câmera, ia pra escola com a câmera no bolso. Fotografava coisas banais, seus amigos no meio da aula, brincadeiras, festas, paisagens. Yuji ainda diz: “Criava imagens para mim, principalmente, sem uma preocupação estética ou uma ambição maior por trás”.


Depois de se embrenhar no mundo da Arte, Yuji Kodato começa a escrever projetos para concorrer em editais públicos e privados e projetos pessoais independentes. Trabalhou em projetos no PMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) de Uberlândia e foi aos poucos ampliando seu alcance. Foi aprovado no Rumos Itaú Cultural. Kodato conta também que teve a oportunidade de ir para Cuba e estudar três meses na Escola Internacional de Cinema e TV, em San Antônio de los Baños. Segundo o artista visual, “Essa experiência foi fundamental, onde tive a chance de conhecer uma série de realizadores e realizadoras maravilhosos, artistas latinoamericanos e latinoamaricanas fundamentais pra mim. Ganhei perspectiva dentro das américas e entendi melhor os caminhos que poderia seguir”.


Realizou seu primeiro curta em 2015, Experimento Cotidiano n.1, de forma caseira, e o estreiou no Festival Internacional de Cinema de Belo Horizonte, e ganhou a competição mineira. “Lembro de sentir muita insegurança na sessão, avaliando que os filmes concorrentes tinham uma qualidade técnica infinitamente maior do que o meu curta [...] Isso me reafirmou que, para além de um primor técnico, de meios de produção avançados e equipamentos caros, o que importa é a ideia, o processo e a experimentação que se faz”.


No seu último curta, Ladridos, que fez em Cuba com a colega Gabriela Ruvalcaba, circulou por festivais latino-americanos. O artista visual conta que a estreia no Festival Internacional de Cinema de Cartagena – o festival de cinema mais antigo da América Latina -, foi uma experiência muito importante, porque conheceu diversos cineastas que faziam um trabalho semelhante ao dele, além de partilhar suas experiências com o público colombiano.

Foi no fim de abril de 2016, que Yuji Kodato e mais outros dois realizadores abriram uma produtora audiovisual dedicada a filmes autorais, batizada de NÓIS. Um dos realizadores, e também amigo de Yuji, comenta sobre a amizade e parceria profissional dos dois:"Antes de conhecer Yuji, eu tinha uma relação mais ligada à fotografia, e quando começamos a trabalhar juntos, passei a me conectar mais a imagens em movimentos. Ele foi de fundamental importância nesse meu processo porque tem idéias sobre imagem e construção de roteiro muito bem elaboradas. Acredito que o trabalho dele é muito rico, e passa por um processo de construção dentro dentro do fazer artístico, principalmente da arte contemporânea, por onde ele perpassa. Yuji é muito generoso nas conversas, é muito interessante pensar junto com ele, elaborar roteiros, elaborar um processo de captação e planos".


 
 
 

Comments


©2018 by Tela Verde-Amarela. Proudly created with Wix.com

  • facebook
  • twitter
  • youtube
bottom of page